Veranistas da Pedra do Sal #1

Republica, Teresina, 4 de dezembro de 1908.

Durante a pesquisa sobre o povoamento de Ilha Grande de Santa Isabel e, particularmente, da Pedra do Sal para minha tese de doutorado (Os filhos do lugar), me deparei com notícias sobre "veranistas" que em "uso de banhos", como se dizia, se dirigiam até o povoado. Essas notícias ajudam a compreender a Pedra do Sal como um "destino turístico" desde o século XIX. 

Os antigos jornais costumavam noticiar por onde andavam pessoas percebidas como "importantes" na hierarquia social da época. Na notícia acima, o teresinense Republica dava por saber que o "illustrado amigo desembargador" dr. José Lourenço de Moraes e Silva estava voltando da Pedra do Sal.

Uma rápida consulta ao Google revelou que o Dr José foi o primeiro juiz de direito da comarca de Corrente, desmembrada de Parnaguá com a Proclamação da República (Fonte) e chegou a ocupar o cargo de governador do Piauí como interino (Fonte). Um perfil no Geni informa que ele nasceu em 1957, em Castelo do Piauí, e faleceu em 1925, em Teresina.

Na época em que o desembargador foi a Pedra do Sal, Ilha Grande ainda não estava conectada com o continente pela Ponte Simplício Dias da Silva, inaugurada apenas em 1975. A passagem à Ilha se dava por embarcações e até chegar ao povoado litorâneo era necessária horas de caminhada ou no lombo de algum animal ou, possivelmente, em uma carroça.

Os próprios moradores do lugar faziam esse percurso, quando iam vender em Parnaíba o que extraiam ou plantavam na ilha. Inclusive, Humberto de Campos descreve essa mobilidade do povo da Pedral em uma crônica dedicada ao seu veraneio no lugar (em algum momento, postarei a referida crônica).

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